Foto: Will Assunção
Era a primeira
vez em que pisava naquele suntuoso palácio. Sua arquitetura era monumental,
deslumbrante, e me fizera ficar parado no corredor, logo na entrada por alguns
minutos observando todos os detalhes que preenchiam suas paredes, colunas e o
teto.
Por um momento
pensei em como deveria ser viver naquele lugar. As festas no jardim, tomar café
da manhã na sacada vendo o mar, contemplar o pôr-do-sol maravilhoso que a
posição privilegiada do palácio proporciona. Banhos demorados nas enormes
banheiras dos quartos espaçosos e o conforto luxuoso no inverno.
Não durou
muito para minha curiosidade se despertar e fazer com que eu buscasse saber
mais sobre o palácio. Nas minhas pesquisas descobri que o Palácio da Aclamação
se chamava Palacete dos Moraes, e foi adquirido em 1894 da viúva Anna Carolina
Ribeiro Miranda pelo comerciante português Francisco Rodrigues de Moral. Sua
viúva Clara Cesar de Moraes e seus filhos venderam o imóvel, em 1911, ao
Estado, na gestão de João Ferreira de Araújo Pinho, representado pelo Secretário
Geral do Estado, José Carlos Junqueira Ayres de Almeida.
Descobri que
o palácio abrigou representações do Palácio do Governo, bombardeado em 10 de
janeiro de 1912 quando o Governador José Joaquim Seabra transformou-o em
residência oficial do Governo. E, em 1913, iniciaram-se as obras de ampliação
do prédio, alas central e esquerda projeto do arquiteto italiano Filinto
Santoro, sob a responsabilidade do Secretário Arlindo Coelho Fragoso, sendo
inspetor de obras Temístocles de Menezes.
As obras
foram concluídas em 1917, no governo de Antonio Ferrão Muniz de Aragão,
instalando-se a residência do governo no Palácio da Aclamação a 3 de novembro
do mesmo ano, não havendo registro de inauguração oficial. Em 1934, o
Governador do Estado adquiriu o sobrado vizinho, à direita, pertencente a José
Maria de Souza Teixeira, ampliando-se a área e edificando-se um período anexo e
garagem.
Em 1967, o
Governador Antonio Lomanto Júnior transferiu a residência oficial do Governo
para o Alto de Ondina, deixando o Palácio da Aclamação, após 55 anos como
Residência Oficial, com usos variados, despachos do governador, grandes
recepções, velórios oficiais, sede das Voluntárias Sociais da Bahia,
cumprimentos oficiais pela Independência da Bahia, hospedagem de visitantes
ilustres, etc. Em 1968, foram hóspedes do Governo no Palácio, a Rainha da
Inglaterra, Elisabeth II e o Príncipe Philip, Duque de Edimburgo.
Finalmente,
em dezembro de 1991, após sofrer obras complementares de restauração, o Palácio
foi reaberto ao público e hoje funciona como sede da DIMUS, Diretoria de Museus
da Bahia. E por longos meses foi meu lar, doce lar.
Trabalhei no
Sistema, um setor com nome um tanto quanto suspeito, mas cheio de pessoas que
tinham o dom de deixar minha vida mais bonita e alegre, e ficava logo ao lado
do setor de comunicação, onde pude encontrar gente que me identifiquei muito.
Minhas tarde nunca foram tão divertidas em toda minha vida profissional, sem
contar a família que se formou alí.
Bailes,
lançamentos culturais, histórias, eventos com pessoas que valem a pena
conhecer, sonhos, amores e a minha vida. Tudo se cruzava diariamente por detrás
daquelas cortinas felpudas e imensas do Palácio da Aclamação.
Em janeiro
de 2010 era o fim do meu reinado, a hora de partir tinha chegado. E eu levava
na bagagem muita coisa boa que aprendi naquele lugar, além da amizade de
pessoas que jamais esquecerei. O Palácio da Aclamação foi por muito tempo minha
segunda casa na capital baiana, foi um lugar onde tive tudo o que precisava no
tempo que me foi dado.